Os desafios e as oportunidades trazidas pelos dados de verificadores de fatos e pela inteligência artificial foram alguns dos assuntos discutidos nesta sexta-feira (27), último dia do Global Fact, a maior cúpula sobre verificação profissional de fatos. A iniciativa é organizada pela International Fact-Checking Network, uma rede global que visa fortalecer a luta contra a desinformação, através da colaboração e apoio aos envolvidos.

Entre os participantes do último dia de debates está Cristina Tardáguila, fundadora da Agência Lupa. Ela analisa o atual momento, marcado pela expansão das organizadoras de verificadores de fatos e pela sedimentação da inteligência artificial.

“A gente tá saindo da era em que o link em que as pessoas obtinham a informação era a coisa mais importante, e a gente tá entrando num mundo em que a resposta da IA é o que está informando as pessoas. Toda essa lógica de busca por informação de qualidade está sendo trocada por um lógica de consumo de informação gerada por IA. A gente tá vendo o uso de IA avançando rapidamente, então os checadores precisam estar nesse espaço do IA e que tem muito campo pra crescer, com esse mesmo campo sendo mal usado por pessoas mal-intencionadas.

Cristina Tardáguila alerta que a checagem constante nem sempre é a melhor alternativa, pois muitos disseminadores de informação falsa se aproveitam do fato para reverberarem assuntos de seu interesse.

“No momento em que você checa uma coisa, aquela coisa passa a ser assunto. É muito importante que os checadores, ou aqueles que queriam passar a trabalhar com verificação, saibam o momento certo de checar. Existe um estudo muito interessante chamado ‘silêncio estratégico’, que é o seguinte: ‘às vezes é melhor não fazer nada, a mentira vai ter o pico e ela vai passar’. A gente não precisa agir em absolutamente tudo, em todas as horas, porque os desinformadores estavam usando a gente para catapultar a mentira deles”.

A fundadora da Lupa explica que não existe uma área mais visada para propagar notícias falsas.

“O desinformador navega nas notícias do dia. Porque é onde o interesse das pessoas está, então ele faz um esforço muito pequeno para capturar alguém. Ele não coloca na roda uma novidade. A roda já tá rodando e então ele vai lá e põe aquela desinformaçãozinha aí ele participa,  ele ganha clique, consegue roubar dados das pessoas, fazer os golpes deles… O principal aprendizado é que não existe um setor que produza mais fake news.

O Global Fact teve mais de 300 participantes. O último dia do evento também ficou marcado pelo lançamento da plataforma Global Fact Checkbot, que contará com a participação de 60 países e conteúdo em dez idiomas, inclusive português.




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