O Brasil deu um salto no combate ao câncer de colo do útero com a adoção do teste molecular para detecção do HPV (papilomavírus humano) como principal método de rastreamento da doença. A tecnologia tem como objetivo ampliar o diagnóstico precoce, reduzir o risco de evolução para o câncer invasivo e modernizar a abordagem preventiva adotada no país.
A patologista clínica e diretora da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, Annelise Lopes, explica que o exame apresenta sensibilidade superior a 90% para identificar lesões, o que permite intervenções antes que a doença evolua.
“Isso visa ampliar o diagnóstico, reduzir o risco do câncer invasivo e modernizar a abordagem preventiva no país. Esse tipo de câncer, do colo de útero, se desenvolve lentamente a partir de uma infecção persistente por tipos de HPV de alto risco para câncer. E com rastreio molecular, mulheres que têm resultados negativos podem ter o intervalo entre os exames estendido de forma segura.”
O teste também alcança mulheres em áreas remotas ou onde há menor oferta de serviços em saúde, acrescenta a especialista.
“Além dessa maior sensibilidade outra vantagem é a compatibilidade com a autocoleta. A possibilidade de realizar o exame por autocoleta representa um avanço importante na ampliação do acesso especialmente para mulheres que vivem em regiões com pouca infraestrutura de saúde ou que por motivos culturais religiosos ou familiares acabam não realizando o rastreamento conforme as recomendações atuais.”
O HPV é a principal causa do câncer do colo do útero, terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres, com 17 mil novos casos estimados por ano no triênio 2023-2025. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam 15 casos da doença para cada grupo de 100 mil mulheres no Brasil.