Neste sábado, completam 50 anos da morte do jornalista Vladimir Herzog, brutalmente assassinado pela ditadura militar. A data será lembrada no ato inter-religioso na Catedral da Sé em São Paulo, no mesmo local onde, 50 anos atrás, a cerimônia histórica desafiou o regime militar.

Há 50 anos, numa cerimônia como a que vai acontecer neste sábado, mais de oito mil pessoas se reuniram para a missa de sétimo dia de Vladimir Herzog. A solenidade foi conduzida pelo cardeal D. Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Wright, e foi um marco no movimento pela redemocratização.

O jornalista Vladimir Herzog era diretor de jornalismo da TV Cultura em 1975, quando foi convocado para prestar depoimento sobre suposta ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Ele foi detido no DOI-CODI, local onde aconteceram vários casos de tortura de perseguidos políticos da ditadura militar e, segundo a versão oficial do Estado brasileiro à época, Vlado – como era conhecido – teria se enforcado com um cinto numa cela. A foto que capturou a cena forjada pelos militares se tornou emblemática da repressão.

Preso alguns dias antes de Herzog, o jornalista Paulo Markun publicou em 2005 um livro sobre o colega de TV Cultura. Para Markun, a justiça ainda precisa ser feita.

“Sejam punidos. Julgados e punidos aqueles que cometeram os crimes. E falta transmitir o entendimento fundamental de que aquilo não era um ato isolado. Era uma decisão, uma política de Estados, determinada e aprovada pelo presidente da República, o general Ernesto Geisel, como documentos da CIA comprovam hoje em dia”.

Em 1978, a Justiça condenou a União pela prisão ilegal, tortura e morte de Vladimir Herzog, mas só em 2013 a certidão de óbito foi corrigida com a causa de morte por lesões e maus-tratos. Neste ano, a nova retificação do documento de Vlado aponta a causa como “morte não natural, violenta, causada pelo Estado”.

Em junho deste ano, a AGU, a Advocacia-Geral da União, firmou um acordo de indenização à família do jornalista de cerca de R$ 3 milhões, e o Estado brasileiro se desculpou publicamente pela violência perpetrada.

O ato ecumênico que acontece amanhã na Catedral da Sé é realizado pela Comissão Arns e o Instituto Vladimir Herzog e é dedicado à memória de Herzog e de todas as vítimas da ditadura militar.




Source link