Uma em cada seis crianças de até 6 anos de idade foi vítima de racismo no Brasil. As creches e as pré-escolas são os locais onde ocorreu a maior parte desses crimes.
Os dados são do Panorama da Primeira Infância: o impacto do racismo; pesquisa nacional encomendada ao Datafolha pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (organização da sociedade civil que trabalha pela causa da primeira infância) e divulgada nesta segunda-feira (6).
Os dados mostram que 16% dos responsáveis por crianças de até 6 anos afirmam que elas já sofreram discriminação racial, que é maior quando os responsáveis são também pessoas de pele preta ou parda. Entre elas, esse índice chega a 19%, enquanto entre crianças com responsáveis de pele branca a porcentagem é 10%.
Pouco menos da metade dos entrevistados, 42%, afirmam que o crime ocorreu em espaços públicos, como na rua, praça ou parquinho; cerca de 20% dizem que foi no bairro, na comunidade, no condomínio ou vizinhança; e 16% contam que aconteceu na família. Espaços privados, como shopping, comércio e clube, aparecem entre os locais citados por 14% dos entrevistados, seguidos por serviços de saúde ou assistenciais (6%) e por igrejas, templos e espaços de culto (3%).
Para Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, é preciso um conjunto de elementos, em diferentes instâncias, para combater o racismo estrutural no Brasil, que atinge também as crianças. A começar, segundo ela, por políticas públicas que alcancem as famílias e criem uma dinâmica de proteção contra qualquer tipo de violência.
Mariana Luz apontou, também, que outro desafio é quebrar padrões sociais e culturais, que, infelizmente, se repetem.
“É a gente ativar a sociedade para combater o racismo de frente, denunciar, para reconhecer e criar mecanismos para que isso não se repita. Então, seja no seu dia a dia, ou seja no ambiente do trabalho, no ambiente de uma escola, de uma creche e de uma pré-escola, que a gente possa tirar o racismo da escola com protocolos, com formação de professores, com pais engajados ali naquela escola.”
A pesquisa ouviu 2.206 pessoas, sendo 822 responsáveis pelo cuidado de bebês e crianças de 0 a 6 anos. Os dados foram coletados em abril deste ano, por meio de entrevistas presenciais realizadas em pontos de grande fluxo populacional.
* Com informações da Agência Brasil.