Apesar dos valores dos aluguéis, dos juros altos e dos imóveis cada vez mais caros, um estudo recente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) revelou que noventa e cinco por cento (95%) das pessoas nascidas a partir de 1985 ainda sonham em ter a casa própria até a terceira idade. 
O estudo foi conduzido pelos professores em Urbanismo, Rafael Kalinoski e Mario Prokopiuk, com base nos dados do último Censo Demográfico, realizado em 2022, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Ao todo, os cientistas mapearam três perfis distintos de aspirações habitacionais, associados a diferentes gerações. O primeiro é o tradicional, mais comum entre a geração boomer, dos nascidos entre 1945 e 1964, que associa a posse do imóvel à segurança e status social.
O segundo perfil é o pragmático, predominante entre a geração X, daqueles nascidos entre 1965 e 1984, para quem o imóvel representa proteção do patrimônio familiar e garantia de valorização ao longo do tempo.
E o terceiro é o flexível, presente entre as gerações Y e Z, dos nascidos a partir de 1985, que tendem a não priorizar compromissos de longo prazo com financiamentos imobiliários, e não veem a propriedade de imóveis como o único caminho para a segurança.
Ainda assim, mesmo entre os mais flexíveis, o desejo de ter um imóvel próprio no futuro permanece muito presente. O professor Rafael Kalinowski afirma que isso ocorre por fatores como: incertezas sobre a economia e previdência no país, redução da taxa de natalidade e aumento de gastos.
O professor completa dizendo que estes pensamentos refletem percepções dos entrevistados nas áreas urbanizadas das regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
Para o estudante de jornalismo, Breno França, nascido em 2000, esse desejo vem de gerações que a muito tempo moram de aluguel e não conseguiram realizar o sonho da casa própria.
Apesar disso, Rafael Kalinowski explica que, atualmente, os jovens encontram mais dificuldade em adquirir um imóvel em relação a épocas passadas…
O estudo foi publicado em julho de 2025 no International Journal of Urban and Regional Research (IJURR), sob o título “A ilusão da flexibilidade: aspirações de moradia entre gerações no mercado formal do Brasil”.
*Com supervisão de Nádia Faggiani