VINHETA CRIANÇAS SABIDAS🎶
SUBVINHETA: Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
SOBE SOM🎶
SUBSUBVINHETA: Episódio 4 – Educação
SOBE SOM🎶
VINHETA: CRIANÇAS SABIDAS
MADU: Gente, eu estou adorando esta série sobre os ODS! Tô aprendendo muitas coisas. E entendendo como o mundo é um lugar complicado… mas caminhando juntos a gente consegue melhorar as coisas para garantir o nosso futuro.
AKEMI: Que bom que está gostando, Madu. Ainda temos mais quatro episódios, contando com esse aqui. Já teve coisas que melhoraram, né? Mas realmente, ainda falta muito pra que todas as pessoas possam ter acesso aos direitos mais básicos.
MADU: Ei, faltou a gente se apresentar, né? Eu sou a Maria Eduarda Arcoverde. Eu sou a perguntadeira oficial aqui do podcast e nasci junto com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, em 2015.
AKEMI: Eu sou Akemi Nitahara, a jornalista do Crianças Sabidas e sou do milênio passado. Eu acompanhei, ainda criança, a primeira Conferência da ONU sobre meio ambiente, em 1992, quando o mundo começou a dar mais importância para essa questão da sustentabilidade. Como faltam cinco anos para o prazo estipulado pela ONU para os países alcançarem esses objetivos, resolvemos fazer esta série para ver como está a situação do Brasil.
MADU: A gente já ouviu por aqui que teve bastante coisa que melhorou, nas áreas de combate à fome e às desigualdades e na saúde. Mas alcançar tudo até 2030 vai ser muito difícil.
AKEMI: Então vamos ao tema do dia. Hoje vamos tratar de três ODS, que estão relacionados, mas vamos separar pra falar sobre um de cada vez.
MADU: O primeiro é o ODS 4:
NALU: Educação de qualidade
HELENA DE PAULA: Meu nome é Helena, e eu tenho 6 anos. Na escola eu adoro aprender coisas, e a gente tem que aprender na escola. Para aprender tem que ter um professor ou professora. Eu acho importante a gente aprender na escola.
AKEMI: Por que será que nenhum dos nossos amiguinhos mandou áudio sobre isso?
MADU: Eu acho que…. (depoimento espontâneo sobre escola ou educação)
AKEMI: Obrigada Helena. Hoje vamos ter mais uma convidada.
REBECA: Eu sou Rebeca Otero, coordenadora do setor de educação aqui da UNESCO no Brasil.
MADU: A Unesco é a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. É a agência da ONU que cuida dessas áreas. Ihhh, virei explicadora também…
AKEMI: Claro, Madu, as meninas podem tudo! Nosso explicador oficial, o Caetano Farias, não pôde participar desta vez porque ganhou uma irmãzinha, a Penélope. Mas logo, logo ele volta pro Crianças Sabidas.
MADU: Então, o que a Unesco faz nos ODS?
REBECA: A UNESCO ela tem, é, alguns ODS que ela é responsável, né? Ela é líder, vamos dizer assim. O ODS número 4, que é o Educação de Qualidade, a UNESCO é responsável. Nós ajudamos na implementação do ODS junto aos países, certo? Nós ajudamos os países a implementar, fazemos projetos, atividades, etc.
MADU: Como funciona isso em cada país?
REBECA: Aqui no campo dos países, a gente orienta que eles também criem suas próprias metas. Porque, por exemplo, as metas do ODS muitas vezes são bem globais e muitas vezes para alguns países não faz muito sentido, porque eles já alcançaram, vamos dizer assim, mas são metas globais, então todos os países tem que alcançar aquela meta. Então a gente orienta também que os que os países criem suas próprias metas. No Brasil isso é feito via Plano Nacional de Educação, o PNE, onde tinha 20 metas até 2014, agora tem outro definindo outro plano nacional. É incentivar, né, que o país alcance e que o país, por exemplo, trabalhe naquele direcionamento. Então, nós temos metas relacionadas à equidade de gênero, que é difícil hoje em dia, né? Nós temos metas também relacionadas a acesso, educacional, a equidade, a inclusão, né? Aos temas mais transversais como desenvolvimento sustentável no campo da educação, né?
MADU: Qual o principal problema do Brasil hoje em dia na educação?
REBECA: A 4.7 é a meta que eu imagino assim que ela é menos desenvolvida no Brasil. Porque ela envolve essa educação dos direitos humanos, da sustentabilidade. Agora até a gente tá tendo uma série de ações, e da educação para a cidadania global, tá? Então, ela é mais difícil de você monitorar no Brasil, até porque os indicadores são difíceis também, né? E você tem algumas iniciativas muito importantes, mas os dados são mais difíceis para fazer monitoramento.
MADU: No fundo, tudo está relacionado com educação, né?
REBECA: Nosso norte é realmente os ODS, né? Desde 2015 antes a gente trabalhava na educação para todos nos ODM e agora a gente trabalha nos ODS. Então, a gente desenvolve projetos de cooperação técnica, para podermos alcançar esses ODS. E o ODS 4 ele é muito importante, por quê? Porque ele busca assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todos. Esse é o ODS, o texto do ODS, tá? Ele é um ODS fundamental para alcançar os outros. Porque, por exemplo, você só vai alcançar o ODS de saúde se você tiver educação, se você conseguir ler a bula de um remédio, se você conseguir entender como é que funciona a ciência, porque que vacina é importante, entendeu? Então assim, o ODS 4, ele é importante para alcançar todos os outros ODS e também para alcançar todos os outros direitos humanos. Então, a UNESCO encara a educação como um direito. E um direito que vai alavancar todos os outros direitos.
AKEMI: A Rebeca explicou que o Brasil ainda precisa melhorar na educação primária, na alfabetização na idade certa, que os jovens não abandonem o ensino médio e o acesso à universidade e ao ensino técnico. Ela também fala da formação para a vida, não só para os conteúdos da escola.
REBECA: Nós temos ainda jovens que não são formados para a vida, eles muitas vezes aprendem conhecimentos, habilidades, tem uma aprendizagem cognitiva, mas ele não tem um aprendizado. É importante o jovem ter o conhecimento de todos os quatro pilares da educação, que é aprender a aprender, para ele poder ter uma aprendizagem ao longo da vida. É aprender a ser, comportamento, virtudes, aprender a fazer, que vem um pouco focado na educação técnica profissional, tá? E aprender a conviver, a convivência em sociedade. Isso é super importante. Então, se a educação, ela não tem esses quatro pilares, ela não promove uma educação para cidadania global. O jovem não vai qualificar o seu planeta, ele não vai qualificar sua vida, né? Então, a ideia é que a educação leve para isso e você consiga assim ter esse direito à educação e alcançar os outros direitos também.
AKEMI: Pra isso acontecer, precisa ter mais bolsas de estudo, pros jovens não abandonarem a escola, qualificação dos professores e garantir uma infraestrutura mínimas nas escolas.
REBECA: Então, assim, essa questão da infraestrutura ainda o Brasil precisa melhorar. Nós ainda temos escolas que não tem água e luz. Né? Não são poucas no campo, a gente tem muita escola ainda sem água e luz. Então, é um desafio bastante grande, né? É, eu acho que o Brasil tem melhorado, tem avançado, mas ainda tem muito para avançar. Então, por exemplo, o Brasil, ele tem um problema grande de evasão escolar. Isso atrapalha a inclusão, que é o que tá lá no cerne do objetivo, né? Educação inclusiva. A gente tem desafios como, por exemplo, a área indígena, quilombola, né? E se a gente não trouxesse os jovens para a educação, a gente não tá excluindo eles, né? Então, assim, o Brasil tem metas que ele pode desenvolver suas próprios objetivos e metas, né?
MADU: Nossa, como estuda sem água e sem luz na escola?
AKEMI: Realmente, Madu. Muito difícil. Agora vamos ouvir a Enid Rocha de novo, ela tem aparecido em todos os episódios dessa série. É a pesquisadora do Ipea que ajudou a fazer o Relatório Nacional Voluntário dos ODS. De acordo com ela, o Brasil vai alcançar muitas metas do ODS 4.
ENID: Mas nós avançamos em algumas áreas, né, que é muito importante, por exemplo. Na educação, né? A maior parte das metas do Brasil, do ODS 4, o Brasil conseguirá, né? Alcançar, porque nós temos dado muitos saltos, né? Na área da educação, com a universalização do ensino fundamental, do básico, com vários programas inovadores, com o financiamento da educação que também aumentou. Tem todo aquele incentivo dos jovens com o pé de meia.
AKEMI: O Victor França, da Fundação Abrinq e da Comissão Nacional dos ODS, contou pra gente que eles têm feito muitos projetos pra ajudar a alcançar essas metas.
VICTOR: A gente consegue estar na educação infantil bem no comecinho da vida. Depois a gente está falando ali de 6, 7, 8 anos, depois a gente pula para o adolescente. A gente evidentemente não é governo, a gente não vai dar conta de tudo, né? Mas são conexões, indicadores que estão nos ODS dizendo: “Ah, então precisa ter acesso a creche”. Bacana, então vamos ajudar a melhorar a qualidade e aumentar o acesso a creche. Alfabetização, pô, a gente precisa melhorar muito, né? 50% das crianças saem do segundo ano sem saber ler e escrever. Não é possível isso. Então, a gente trabalha um pouco com isso. E nessa tentativa de acabar com a evasão no segundo ano, a gente trabalha um ano antes, né, no nono ano, com os adolescentes para que eles escolham e façam o projeto de vida ali para frente.
MADU: Muito bom! Toda a sociedade precisa se mobilizar pela boa educação das crianças, está previsto no ECA, o Estatudo da Criança e do Adolescente. Mas a Educação já estava nos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, que eram as metas até 2015, né? O que foi alcançado até lá?
REBECA: Tinha os ODMs que era até 2015, no campo da educação, a Unesco criou as metas da educação para todos, tinha cinco metas. Na época de 2015, o Brasil ele conseguiu alcançar duas das metas, que foi a de acesso do ensino fundamental, do ensino primário e a segunda meta era de equidade de gênero, mas nós alcançamos a paridade, vamos dizer assim. Nós tínhamos tanto meninos quanto meninas com acesso à escola, tá? Então o Brasil alcançou essas duas metas, na época foi avaliado, e depois, obviamente, muitas das metas voltaram nos ODS, né? Então muitas dessas metas da educação que que estão nos ODS, elas voltaram, também tinha algumas que estavam lá nos ODMs, né?
AKEMI: Opa, já que a Rebeca tocou no assunto, vamos passar pro próximo ODS.
MADU: É o ODS 5:
HELENA: Igualdade de gênero
HELENA : Oi, meu nome é Helena. Eu tenho 10 anos. Eu acho que daqui a 5 anos o mundo pode ficar melhor se a gente tiver mais igualdade entre meninos e meninas. Eu queria que todas as crianças tivessem os mesmos direitos. Se ninguém ficar: “Ah, isso é coisa de menino, isso é coisa de menina”.
AKEMI: Essa é outra Helena. A Enid explicou que o governo tem feito muitos projetos para tratar a educação de uma forma transversal, ou seja, juntando vários temas que se complementam para formar o cidadão consciente dos seus direitos e deveres.
ENID: Então, agora nós temos no âmbito do Ministério do Planejamento, do Plano Plurianual, foram elaboradas agendas transversais de gênero, de raça, meio-ambiente, povos indígenas e comunidades tradicionais. Então, isso significa que tudo isso vai entrar nos nossos relatórios, né, do ODS, mostrando de que maneira geral está aquela meta e aí por dentro olhar como é que tá a equidade de gênero, de raça, ambiental, né, como é que tá cuidando. Então, a gente não pode só pensar nas metas e isoladas, mas também pensar como que elas se traduzem, né, em políticas para enxergar a diversidade, a desigualdade, do Brasil principalmente.
MADU: Victor, os projetos da Fundação Abrinq consideram as diferenças entre meninas e meninos?
VICTOR: Aí, a gente tá falando também de outro ODS, né? Que tem uma questão de gênero, né? Onde tem problemas com as meninas e problemas com os meninos, problemas diferentes. É mais meninas no trabalho doméstico, mais meninos nos trabalhos pesados. São mais meninos assassinados, mais meninos saindo da escola no ensino médio. Então isso também requer políticas públicas diferentes, né?
AKEMI: De acordo com o relatório dos ODS, o Brasil não tem informações o suficiente pra avaliar o andamento dessas metas. Apesar de ter diminuído o número de casamentos precoces, continuam vários problemas, como o feminicídio, o trabalho doméstico não remunerado e a falta de mulheres em posições de liderança da política e nas empresas. E, claro, entra aqui também a questão racial, né? As mulheres negras sofrem muito mais com tudo isso.
MADU: Então vamos pro nosso terceiro objetivo de desenvolvimento do dia, aquele que foi lançado pelo Brasil, o ODS 18:
NALU: Igualdade étnico-racial.
HELENA DE PAULA: Meu nome é Helena e tenho 6 anos. Eu Já li um livro que fala sobre isso, tinha um ônibus que tinha lugar reservado para a pele branca.
AKEMI: Isso é segregação racial, e não é nada legal. Eu sou neta de japoneses, me considero uma mulher amarela. Então, a minha questão racial é bem diferente da dos negros ou dos indígenas. Apesar de os japoneses terem chegado ao Brasil em condições muito ruins, para trabalho quase escravo nas fazendas de café, o governo do Japão ajudou os imigrantes e eles conseguiram se estabelecer bem na sociedade brasileira. Atualmente somos considerados minoria modelo, com os estereótipos de que somos muito inteligentes, educados, calmos… E os japoneses vieram porque quiseram, né? Com suas famílias. Já os africanos, foram sequestrados e trazidos à força, separados de todos até que falavam a mesma língua, pra impedir que se organizassem. E depois da abolição da escravatura não tiveram suporte nenhum de ninguém. Você, como menina negra, tem alguma coisa a dizer sobre isso?
MADU: Eu acho que as pessoas não podem ser racistas só por causa da nossa cor. Todos temos que nos respeitar, não importa qual a cor da pele e do cabelo. Temos diferenças, mas todos temos os mesmo direitos e o mesmo valor.
AKEMI: Pra falar disso a gente tem uma convidada muuuuuito chique. Eu consegui uma entrevista EXCLUSIVA com a MINISTRA da Igualdade Racial, a Anielle Franco.
ANIELLE: O ODS 18, ele foi apresentado pelo presidente Lula, ainda na ONU no ano passado e de forma voluntária, né? A gente ainda tá aí fazendo com que os outros países entendam a importância. O ODS 18, ele fala da igualdade racial, da transversalidade, do quanto isso é importante, né, na vida de todo mundo. Então, seja falar da saúde pra população negra, seja falar da educação da população negra. Então, simplificar bastante para as crianças que estão nos ouvindo. Essa é a importância do DS 18. A gente já teve a concordância da Colômbia, que tem a primeira vice-presidenta negra, né? Que é a Francia Marques e de alguns outros também apoiadores. E esse ODS ele traz ali de novo, né? Assim, de uma maneira muito resumida, a importância da transversalidade, chegando na ponta de onde precisa, mas cuidando da igualdade racial como um todo. É isso.
MADU: Mas em cinco anos a gente vai conseguir resolver um problema de cinco séculos? O que é mais importante e urgente sobre a igualdade racial?
ANIELLE: A emergência era toda, né? Era geral. Então tinha reivindicação de saúde, educação, de segurança pública, de território. E a partir dali nós fomos avançando em cada um juntamente com os outros. Então, Juventude Negra Viva, por exemplo, ele traz cultura, esporte, lazer, saúde, né? Junto com o MDA, a gente teve a titulação de Quilombo, que há muitos territórios quilombolas que foram titulados. A gente bateu o recorde na nossa gestão de números de quilombolas que tiveram os seus títulos, né? Então, esse avanço tem se dado muito por aí, assim, trabalhando em conjunto com outros ministérios, por sermos um ministério que isso é muito transversal também, mas o avanço é que tá se dando gradativamente. Claro, não fizemos tudo ainda, mas tem muita coisa para a gente conquistar, mas foram muitos passos dados.
AKEMI: A Fundação Abrinq também tem contribuído com isso.
VICTOR: Então, a gente, por exemplo, tem o programa do brincar. Então, a gente apoiou um coletivo periférico que tinham brincadeiras africanas e tal, inserimos isso. A gente insere nos kits de literatura, cultura africana, então, a gente que incorporou esses conteúdos e aliás é muito interessante. Tem amarelinha africana, tem várias coisas muito interessantes. Então, dentro do projeto do brincar, dentro do projeto coletivos periféricos. Na formação das creches, por exemplo, a gente faz a formação para os gestores, para os educadores, para o pessoal administrativo. Tem cinco módulos. Um módulo deles é em relação a isso.
MADU: Ufa, muita coisa no episódio de hoje… vamos terminando por aqui, mas esses três assuntos rendem demais!
SOBE SOM🎶
CRÉDITOS
MADU: Você acompanhou o quarto episódio sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Eu sou a Maria Eduarda Arcoverde, a perguntadeira. O Crianças Sabidas é uma produção original da Radioagência Nacional, um serviço público de mídia da EBC, a Empresa Brasil de Comunicação.
AKEMI: A reportagem, entrevistas, roteiro, apresentação e montagem foram minhas, Akemi Nitahara.
Edição e coordenação de processos de Beatriz Arcoverde, que também fez a implementação web junto com Lincoln Araújo.
Caio Freire Cardoso Oliveira, de 11 anos, grava o título dos nossos episódios.
Helena Dor e Nalu Sol, as duas de sete anos, gravaram os ODS.
Trabalhos técnicos de Jaime Batista e Tony Godoy.
Interpretação em Libras da equipe de tradução da EBC.
A música tema original do Crianças Sabidas é de Ricardo Vilas.
Também usamos composições de Newton Cardoso para o banco de trilhas de EBC.
MADU: No quinto episódio vamos juntar os Objetivos que tratam do meio ambiente. Tchau, tchau!
SOBE SOM🎶